Introdução

O povo judeu e sua importância

Não houve espaço geográfico no qual eles não pisassem ou nação na qual não fizessem sentir sua presença. Europa, África ou Ásia, América ou Oceania. Em cada continente seus pés se firmaram e eles vieram a criar profundas raízes. Sem ter para onde ir estavam em todo lugar e, peregrinos, fizeram do mundo sua pátria. O solo, por todo globo terrestre, recebeu sua marca.

Sua existência, todavia, não permeou somente o espaço geográfico. Sua vida preencheu o tempo histórico também, de modo que a sua história particular se liga à história geral como se ligam os rios ao mar. Eles viveram a vida de cada nação, lutando sua luta, tornando seu cada evento, cada avanço, cada descoberta. Participaram do desenvolvimento do mundo não por meio de elementos isolados dentro de um contexto geográfico e político, mas por meio de uma imensa rede que tudo abarca, onde seus fios foram como linhas a se estender em todos os sentidos e direções, estabelecendo uma abrangência global, sem deixar de tocar cada canto. Toda e cada uma das nações da terra têm com eles uma dívida.

Mas sua influência também não se limitou simplesmente ao contexto geográfico e histórico. De uma forma, inigualável talvez, ela atingiu a mente e os pensamentos da humanidade. Foram eles que deram ao mundo homens que transformaram épocas, mudaram conceitos há muito arraigados, descobriram novas visões de existência, criaram novas estruturas de pensamento. De seu seio, saíram homens como Baruch Spinoza, Karl Marx, Charles Darwin, Sigmund Freud, Albert Einstein; homens cuja influência mundial é inegável. Estes são apenas alguns exemplos daqueles que romperam os limites do seu tempo, capacitando a humanidade a andar por prados até então desconhecidos. Seu pensamento impregnou-se em cada mente, suas mentes em cada pensamento.

Entretanto, mais do que geograficamente, mais do que na história e além do pensamento e da mente, sua força atingiu o espírito. A devoção e a espiritualidade humana, expressa por bilhões de pessoas em toda a terra, herdaram desse povo sua forma e sua força. Foram eles, primeiramente, que legaram ao mundo o maior best-seller de todos os tempos, cuja divulgação e influência sobre o espírito da humanidade jamais serão igualadas. Foi por meio deste povo que veio ao mundo as Escrituras Sagradas a que chamamos Bíblia. E, sem dúvida, nenhum outro escrito sobre a terra pôde superá-la.

Como o próprio povo que o gerou, este Livro identificou-se de tal modo com lugares e épocas que se tornou um patrimônio da humanidade. Quebrou barreiras étnicas e culturais e fez de cada casa sua casa e de cada povo seu povo. É difícil encontrar lugar, povo, mente ou instituição, em que sua influência não se faça sentir.

Sendo assim, a presença, a existência e a essência desse povo no mundo, é algo tão singular e marcante, que certa feita, o imperador alemão, Frederico, o Grande, disse a um de seus ministros, Marques Dargens: “Você pode me dar uma simples e irrefutável prova da existência de Deus?” Ao que ele respondeu: “Sim, Sua Majestade, os judeus.”

De fato, a própria sobrevivência deste povo, constitui-se um milagre nos anais da história e nenhum outro exemplo haveremos de achar. Desde o cativeiro egípcio, há cerca de 3.700 anos, até os dias de hoje, sua existência foi posta em risco. Arrancados da terra que lhes fora prometida, sendo levados como escravos para todas as nações, experimentaram por diversas vezes violenta rejeição. As páginas da história, mui tristemente, estão marcadas com seu sangue.

Os progrons na Europa oriental, as cruzadas, a inquisição, a catástrofe nazista. Eventos que para muitos nada significam, tiveram na verdade este povo como alvo. Os espaços geográficos do mundo e os eventos históricos foram tintos com seu sangue.

Mas tudo suportaram. E por quê? Porque no Livro que sempre amaram estavam preditos os seus sofrimentos. Porém, no Livro, não havia somente desespero. Havia também esperança, muita esperança. Crendo no Livro sabia este povo que não lhe aguardava somente a ignomínia, mas também a glória, não só a tristeza, também o gozo. Nenhum outro povo, mais do que este povo, alimentou-se durante séculos com as predições e promessas dos profetas. Nenhum povo, mais do que este povo, experimentou em sua carne o cumprimento das profecias eternas. Nenhum outro tornou-se um testemunho mais real da realidade profética.

Quando no século passado, perante os olhos estupefatos das nações, a nação judaica nasceu, cresceu e tomou forma, um assombro apoderou-se dos estudantes das Escrituras. Sua força e poder mais uma vez se fazia sentir de uma forma agora mais intensa nas páginas da história. Sim, eram verdadeiras as predições dos profetas e a estrela de Davi impressa sobre o azul de uma bandeira era testemunho disto.

O plano, sim, o plano divino expresso naquele velho Livro, no qual os judeus eram colocados como importante peça, parecia agora estar tomando forma. Não havia como negar. Sobre as profecias bíblicas era fácil lançar dúvidas, não, porém contra os fatos concretos. A história deste povo dava um passo agora que era um grito ao mundo, como a despertá-lo de sua letargia. “Deus tem um plano para este mundo expresso em sua Palavra. Que todos olhem para Israel e creiam”!

As milenares palavras agora eram notícias de jornal e o povo rejeitado era então foco das atenções. Mais uma vez profecia e história se somavam, resultando em inegável prova da existência real do Deus da história.

O povo, do qual brevemente falamos aqui e do qual extensivamente falaremos adiante, permanece como o centro da história. Contudo, o mais especial desse legado judaico foi nosso Messias – Jesus Cristo. Lamentavelmente, sabemos o quanto eles se recusaram a seguir os passos de seu Messias, assim, enquanto seu redentor conquistava o coração dos gentios, os judeus seguiram por uma trilha de dor e sofrimento, atravessando séculos de rejeição e discriminação. É um pouco dessa história que desejamos conhecer aqui.